quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A última vez

O último beijo
O último abraço
O último trabalho
A última risada
A última raiva
O último lanche
O último espreguiçar
O último livro
A última xerox
Os últimos amigos

O último dia de aula do curso de Jornalismo, na Universidade Federal de Alagoas.

A primeira lágrima...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Como se é

Meu maior medo agora é achar que tenho palavras suficientes e plausíveis para explicar o que sinto.

Mas sabe o que é pior? Eu sei exatamente que palavras poderiam definir esse sentimento aqui.

Eu estou apenas impedindo que essas palavras me cheguem, que se mostrem em minha retina e que façam sentido. Estou tentando mudar o sentido dessas palavras, reescrever um dicionário inteiro.

Assumir as palavras que me definem agora é usar as palavras contra mim mesmo.

E eu não faço isso. Não faço nada contra mim mesmo.
- Não conscientemente, não é, Ben-Hur?

Não, não conscientemente.
Ao contrário do que eu disse antes, eu tenho muito amor-próprio. É muito mesmo.
É maior que o número de palavras no Aurélio.

sábado, 20 de agosto de 2011

Auto-amor

Estive pensando sobre o amor-próprio esses dias. Acho que ele não existe.

- Sim, não existe!

O que é o amor-próprio? Amar a si mesmo? Mas por que eu me amaria? Por que você amaria a si mesmo? Eu melhor que ninguém conheço os meus defeitos. Ok, amar não é eliminar os defeitos do outro, é sim aprender a conviver com eles e aceitá-los. Mas minhas qualidades, em tese, não prestam serviço para mim e sim para os outros. Vejamos: uma pessoa gentil. Por mais que a gentileza também me traga retornos positivos, quem recebe a gentileza é o outro. Uma pessoa bonita... A menos que você seja Narciso (e não narcisista, pois isso é defeito), sua beleza não te trás satisfações diretamente. E Narciso morreu por si mesmo!

[Lembre-se, estou discutindo amor-próprio e o que esse sentimento pode nos trazer. A beleza e tantas outras qualidades nos trazem acontecimentos bons, mas por meio da ação do outro e não pela qualidade em si]

Uma das qualidades que talvez nos traga benefícios por si mesma e para nós mesmos é a paciência (quando, claro, vista como qualidade, pois também pode ser vista como defeito por alguns). Se somos pacientes, esperamos com menos nervosismo e ansiedade por algo. Isso é algo positivo de nós para nós. Mas por que eu me amaria apenas por ser paciente? Isso sim seria falta de amor-próprio. Amar por tão pouco? A paciência é algo tão "sem sal" e eu cairia de amores por mim apenas por isso?

Por que amamos nossos pais mesmo antes de conhecê-los bem? Talvez (ao meu ver) porque enxergamos imediatamente neles a vida que está em nós. De imediato nos tornamos gratos, antes mesmo de saber que nosso pai é sonegador de impostos e que nossa mãe rouba latas de extrato de tomate no supermercado, por exemplo (meus pais não fazem isso, ta?). Tendo essa perspectiva em mãos, por que nos amamos de imediato? Por que amamos a vida em nós? Não faz sentido.

Há também outra coisa para discutir. Algumas pessoas não têm esse amor-próprio. Mas se é amor-próprio, não deveria ser intrínseco a nós? Afinal, por que eu deixaria de me amar? Ou por que eu nunca me amaria? Desiludi a mim mesmo? Me traí e passei a me odiar? Não há como deixar de amar a si mesmo quando começa a se amar, isso não faz sentido. Logo também não faz sentido que existam pessoas que não se amem.

Existem pessoas (todas as pessoas) que dizem para si mesmas que se odeiam. Isso acontece quando nos arrependemos de algo, ou quando aquela merda acontece. Não é ódio, obviamente, pois não existe a mínima possibilidade de auto-ódio. Ódio é um sentimento muito intenso. Tenho para mim que ódio é o oposto da paixão (a ignorância o oposto do amor). Se estou apaixonado, eu ajo com fervor pela pessoa querida. Se eu posso me amar, também posso me apaixonar por mim, mas paixão sempre acaba. Algumas amadurecem e viram amor, outras perecem e viram pó. Eu posso me odiar, já que posso me amar, e o que eu faço? Me saboto? Me corto com uma navalha?

Meu veredicto é: amor-próprio nada mais é que auto-proteção. Quando eu amo alguém, sinto que devo (e quero) protegê-la, mas amor não é apenas isso. O que mais do amor, parental, fraternal ou "carnal" eu sinto em mim mesmo quando me amo? Não me vem nada na cabeça.

Mas sabem? Seguirei achando que me amo, pois me sinto bem pensando nisso. Quando tudo está dando errado, eu paro em mim mesmo e penso "mas eu tenho a mim, ainda!". Ou seja, deve existir mesmo esse tal de amor-próprio. Mas ele é muito mais complexo e difícil de definir que o amor-normal.

sábado, 14 de maio de 2011

Duas gotas em um imenso copo d'água

Eu queria poder te dizer para não cometer os mesmos erros que eu cometi, mas se eu o dissesse, estaria te impedindo de viver sua própria vida.

Você precisa errar, se machucar, as vezes sangrar e até chorar; para aprender, crescer, conhecer.

E eu ficarei aqui te assistindo, tomando emprestada um pouco das tuas dores, como se fossem minhas [dores que um dia foram genuinamente minhas]. Eu vou chorar te vendo desse ou daquele jeito, mas não poderei fazer mais nada, além de um afago. Um carinho mentiroso!

Não me culpe se eu não te segredar que, indo por aquele caminho, você irá acabar como eu.

Minha maior dor é saber que eu tive a minha oportunidade e não estava vestido apropriadamente para a ocasião. Estou eu aqui, agora, em seu quarto, te vendo escolher as vestimentas e me remoendo em silêncio a cada cabide que você retira do guarda-roupa.

- O que você acha deste?

Por favor, não me pergunte. Eu posso apontar a roupa errada, sem querer (?).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Carta de um amigo íntimo

Não é sobre sucesso. Não existe sucesso. Não existe reconhecimento.

Sua Burrice e sua Covardia vão te matar!

E quando você menos esperar, quando achar que preso em seu lençol, você estará seguro... Elas vão te matar.

Quando você estiver na sala de aula imaginando como seria fazer sexo com o seu professor, uma fina agulha adentrará a sua espinha. Elas estarão te seguindo.

E quando achar que preso no banheiro estará seguro e terá sua privacidade reservada. Elas derrubarão todas as paredes e te exibiram nu e fedido. Dessa vez elas não te matarão, mas você morrerá de vergonha, escorregando no chão e caindo com os dentes na borda do vaso sanitário.

Elas vão te matar.
E tudo o que houver em seus bolsos será doado aos pobres. Aqueles mesmos pobres de espírito que você inveja só porque eles têm sucesso e reconhecimento por não fazerem simplesmente nada.

E você morre!

Ass.: O Desespero.