segunda-feira, 4 de agosto de 2008

oS VÁRIOS DE MIM DISTRIBUIDOS POR AÍ

Durante um papo existencialista, descobri.
Na verdade, me descobri vagando por muitos lugares, de formas diferentes e inimagináveis até mesmo para mim. Há momentos em que você tem que se mascarar, disfarçar, mostrar uma outra faceta, ser bem humorado entre os amigos e rude com outros indivíduos. Talvez, quando fazemos isso, ou seja, quando vivemos cotidianamente normal, isso pareça falso, é como se você se mostrasse ser um na frente de determinadas pessoas e outro quando está sozinho. Você não é 100% você.
Pode ser, mas discordo da falsidade embutida nessas ações. Eu admito aqui que não sou o mesmo, quando estou em casa, na frente dos meus amigos, nem sou o mesmo que sou na rua, em casa. Mas quem disse que essas múltiplas personalidades ainda não sou eu? Infelizmente, ou felizmente, eu amadureci mais rápido que a maioria dos meus colegas de sala, na época de escola e isso me fez reprimir a exteriorização de muitas das coisas que eu pensava na época, porque era estranho ter idéias e conceitos tão diferentes dos meus amigos. Sentia como se não pudesse falar ou retrucar as asneiras que eles falavam no intervalo, coisas tão comuns naquela idade. Logo, nunca fui eu quando estava na escola. O mesmo acontecia na minha relação com os meus pais, os meus primos, os professores... Nunca fui muito eu. A universidades me soava como um lugar onde eu poderia ser mais eu, sem censuras. Não há censuras, mas há moralidade. Não é conivente com o convívio social ser você por inteiro (e não estou dizendo que você deva se guiar pelo o que digo). Mas descobri nesse papo que esses poucos de mim que eu deixo escapar como um conta-gotas nas minhas ações ainda continuam sendo eu. Mesmo quando eu concordo com alguém pelo simples fato de querer cessar aquela conversa e não por realmente consentir. Isso sou eu porque, através desse ato, estou demonstrando o eu que não quer magoar o interlocutor. Quando estou entre os meus amigos da igreja, exercito o eu temente a Deus, quando estou entre os meus amigos da UFAL, exercito o eu desencanado e relaxo. O primeiro eu é tão verdadeiro quanto o segundo, nem por isso eles têm que aparecer simultaneamente. Os lugares onde as solas dos meus tênis tocaram têm um pouco de mim. Não têm 100% do meu eu, mas não há falsidade nessas pegadas se você souber interpretar bem as marcas.
Atenção! Você pode cruzar com os muitos eu's distribuídos por aí.

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