sexta-feira, 15 de agosto de 2008

a ÉTICA DA ARTE MANUFATURADA


Na minha primeira aula de Atelier de Plástica, ministrada pelos professores Iolita Marques de Lira e Luis Antônio Costa Silva, perguntei se design pode ser considerado arte. A resposta, que dialogava entre o "sim" dos Designers otimistas e o "não" de designers embasados nos conceitos mais aceitos sobre o que é arte, me pareceu um "não". O que sei sobre esses conceitos (conhecimento bem vago e superficial) é que arte não é produzida em série ou com uma finalidade definida pelo público alvo, até porque a arte não é produzida para agradar ou desagradar, ela é feita para a satisfação e exteriorização dos sentimentos do artista. Então o que dizer de um designer? O que dizer de uma peça doméstica que possui um design mais elaborado? Ao menos, prefiro que esse tipo de "artista" e esse tipo de "arte" não sejam comparados as pessoas que popularizaram a arte, de maneira que essa ganhe características manufaturadas. Quando obtive a resposta do meu questionamento, concordei. Lendo um livro da coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense (adoro essa coleção), "O que é design", de Wilton Azevedo, reafirmei a minha aceitação de que design não é arte. Segundo o autor, design, que vem do inglês, quer dizer projetar, compor visualmente ou colocar em prática um plano intencional. Um exemplo que ilustra claramente essa relação design/arte dado pelo Wilton é a possível intenção de Van Gogh quando compunha os seus quadros: sua intenção não era reproduzir uma obra sua várias vezes para que ela fosse adquirida pelo maior número de pessoas possíveis. Mas, como já disse antes, não acho que o design não tenha o seu merecido valor. É preciso talento e uma porção caprichada de criatividade, mesmo sabendo que essa criação será reproduzida em série. O que se deve fazer? Eu acredito que se deva dar valor ao design humanitário, aquele em que o designer tem compreensão de que sua criação vai ocupar as casas de várias pessoas e que ele use essa "comunicação" para passar um pouco de responsabilidade social e conscientização. Passei a pensar desse modo após assistir as minhas primeiras aulas de História do Design, ministrada pela professora (e jornalista) Rossana Gaia. Um bom designer tem que ter a idéia geral (ou até mesmo global) de que sua "arte" terá largo alcance. Deve-se repudiar o designer que produz simplesmente para ter algo seu nas diversas prateleiras das lojas, para ter o seu nome estampado em alguma galeria do gênero. Um bom designer deve ter noção de regionalidade, identidade, cultura presente sem deixar de manter o contato com a alteridade, com o que é do outro. Mantendo essa prática, teremos um bom designer que faz seu talento ser confundido com uma obra de arte... quem sabe não é?

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