sexta-feira, 20 de junho de 2008

mORRO ALVO NAQUELE DIA CINZA



o RELEVO VOLUPTUOSO COMPETIA, PELA MINHA ATENÇÃO, COM A NEBLINA ESFUMAÇADA. eNQUANTO PARA ALGUNS AQUELA PAISAGEM BUCÓLICA FAZIA-OS REFLETIR SOBRE SUAS NOIAS ACUMULADAS, EU APROVEITAVA PARA PENSAR NO BRANCO. dURANTE AS VIAGENS QUE JÁ FUI, PERCEBI QUE OLHAR ATRAVÉS DO VIDRO TEMPERADO DO AUTOMÓVEL ME FAZIA DELETAR TUDO O QUE PUDESSE PASSAR PELOS MEUS NEURÔNIOS. "pOR QUE VOCÊ NÃO ESCREVE SOBRE A PAISAGEM?" - SUGERIU A rIVÂNGELA. bEM, CÁ ESTOU EU. aGORA, AS AMENIDADES CORREM POR DENTRO DOS MEUS OLHOS. aQUELAS CASINHAS DO TAMANHO DO MEU QUARTO E POSICIONADAS CONFORME AS INCLINAÇÕES DOS MORRINHOS, ÚMIDAS PELA ATMOSFERA FRIA, ME FIZERAM PENSAR...eSQUECE. dEVERIA TER COMEÇADO UM DOS MEUS POEMINHAS.




Era uma curva
Como feita pelo Niemeyer
Ela percorria a voluptuosidade
Soavam como pêra
pela sua sofisticação
Morros alvos
surgiam do chão como vírgulas
entre uma planície e outra


Bucolidade[...]
Poças d'água como sangrias entre os grãos
E num momento de desatenção
aparece o verde que se escondia atrás do cinza
Um verde ouriçado
E a viagem só começou


Esse texto e poeminha foram feitos dentro de um ônibus, rumo a Muquém, o dia estava nublado, perfeito para escrever e tomar uma chícara de café. Rivângela, uma amiga, sugeriu que eu escrevesse sobre aquela bucolidade. A foto foi tirada por mim, assim que chegamos a Muquém, pequeno povoado de União dos Palmares/AL, lar de vestigios de uma comunidade quilombola e rico em cerâmica utilitária e decorativa.

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